Há algo no meu sangue, no teu sangue, a entrar e a circular como se fosse uma mensagem corrente. A cada batida do tambor, eu entrelaço e tu entrelaças, o seu embate, e com ele levamos a vibração até ao nosso coração. O meu e o teu corpo são um monumento, uma construção, uma obra dos anos que nos correm pelas veias. Há um principio de existência, de força, de origem, de essência, de efeito e de causa que nos toca bem fundo e que nos induz a aproximar-nos, cada vez mais, de um lugar genuinamente seguro e protegido. Esse lugar sou eu e és tu. Somos nós. Eu sou e tu és o ente consciente e repleto de plurais pessoais. E tentar exprimir o que sentimos, nestes momentos, ajuda-nos a extrair música, expressões, brincadeiras, gestos e palavras. Há algo de silvestre e de bravo quando nos posicionamos neste lugar. Onde nada se explica e onde tudo se sente. Onde o amor é apenas e só uma imagem. As ligações comovem e nós somos o que existe das palmas dos nossos pés para o resto do mundo. Somos vida. Somos som e a imagem, em queda livre. E somos história que emociona a nossa alma.
Sara Rica
Ananda – Festival of Bliss